quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A VIDA NA SELVA DA CIDADE.


Cidade é todo esse concreto que nos cerca, é toda essa parafernália de automóveis, buzinas, propagandas luminosas.
Cidade é esse pacote de problemas e também a profusão de brilhos e entretenimentos sedutores que oferece. É confusa a vida na cidade, é estonteante tudo que está nos rodeando.
Nas grandes cidades é onde se ganha o pão, descansa-se o corpo e distraem-se os sentidos.
Mas a reflexão a ser feita aqui é sobre a qualidade de cada um desses itens relacionados.
Quanto e pelo quê trabalhamos?
E ao descanso, é dado tempo suficiente?
E dessa distração...O que dizer?!
Vida é tudo aquilo que transpira vibração, respira, nutre e é nutrido. Muitas vezes são incompatíveis essas ações quando a vida se desenrola nas cidades, tal como as entendemos e vemos atualmente.
Muitos de nós trabalhamos apenas para ter no final do mês a sua recompensa (nem sempre justa) não encontrando naquele ofício prazer algum.
Estando o homem descontente com seu trabalho, contribui ativamente para que aquele ambiente fique e permaneça inóspito.
Em nada lembra o que um dia ouvimos de nossos pais ou avós, sobre a família que lavrava a terra em conjunto, sendo que os filhos maiores cuidavam dos menores, o casal em harmonia zelando por sua “pequena ilha”. O relógio era o próprio sol, que criado por Deus é o mais perfeito de todos.
O objetivo era ver no tempo da colheita, toda a beleza da obra concluída dando frutos e grãos.
Pouco antes dos últimos raios sumirem ao horizonte, era chegada a hora de ir para a casa.
Ainda depois do árduo trabalho, tendo o banho tomado, cultivavam hábito de fazer visita ao vizinho, levar um cozido, uma notícia, compartilhar a mesa ou o ombro amigo se alguém adoecia. Enquanto isso os pequenos corriam livres pelo terreiro, sob o olhar atento da mãe.
Como resgatar um pouco desse antigo tempero tão apetitoso? Abrindo o coração certamente haverá uma resposta.
E o descanso nas modernas cidades? É assim: Chega em casa, toma o analgésico (morrendo de dor de cabeça) e vai para o quarto queixando:
_ Não falem comigo hoje, crianças! Sem barulho, vão para o vídeo game, me deixem em paz. Estou farto (a) de problemas, se o telefone tocar, não estou para ninguém.
Sem papo, sem refeição conjunta (já passou no delivery e jogou a caixa sobre a mesa). Que cenário tão desolador... Assim se passam os dias e os anos, sem que pais vejam o progresso dos filhos na escola, e em conseqüência também não observem sua decadência na juventude.
O que temos feito para nossa distração? Exatamente isso. Distraímos-nos constantemente e de todas as formas possíveis.
A verdadeira edificação tem perdido o sentido vertiginosamente. As conversas giram em torno de uma espécie de “campeonato do sofrimento”, onde cada um quer contar uma desgraça diferente e mais feia. A medalha é um comprimido de diazepam.
Nossos filhos têm sofrido de depressão infantil e sabem por quê? Porque não brincam mais, e são tratados como adultos assim que aprendem a falar.
Deus meu! Já falei demais por hoje...sei que não apresentei nenhuma solução, talvez porque eu também não as tenha, e sofro junto convosco dos mesmos males que aqui descrevo.
Mas fica aqui um sincero abraço de solidariedade e desejo de que possamos voltar os olhos ao futuro, pois ninguém pode voltar ao passado e mudar o hoje, mas certamente podemos olhar para o agora e mudar o amanhã.

(Texto publicado no Jornal "A Palavra" da Igreja Presbiteriana do Brasil)

3 comentários:

Paulo Esdras disse...

Por tudo isso me mudei pro interior. Qualidade de vida é prioritário! Muito bom o texto. Beijos!

LuciAne disse...

Grandes verdades...belíssimo e inteligente texto!
bjos

Carla disse...

uuuuuuuuuuuu