domingo, 28 de setembro de 2008

Um dia qualquer, um sentimento desesperadamente perene.


Meus queridos...a vida tem sido esquisita comigo. Vejo cada vez mais nítido o que preciso fazer para ser ao menos um tanto feliz, mas á medida que isso acontece percebo um acovardar crescente e apavorante em minha alma.Não, não é depressão...mas o desejo muitas vezes é estar quieta entre lençóis vertendo lágrimas e esperando o tempo passar.Desprezo esse sentimento, luto com ele, mas nessa batalha saio ferida, fraca, vencida.Realmente a experiência do desamor deixou marcas indeléveis e confiar em qualquer coisa é uma tarefa árdua.O que mais me entristece é não conseguir dar crédito nem a mim mesma. Não fosse isso, eu estaria por aí, achando que sou o máximo e o resto é M... (como tanta gente que habita nesse planeta, anda).Comigo as coisas têm funcionado ao inverso. Penso que todos os que me cercam são mais fortes, mais belos, valentes e inteligentes do que eu.A sensação de ser "nada" me invade de forma tal que arremessa para longe qualquer coragem, (aquele pequena chama tentando firmar-se trêmula).Graças a Deus ainda tenho a escrita que mantém meu ego menos confuso e podendo produzir alguma coisa.Este é o mais puro do meu coração hoje. E desejei compartilhar.Beijos a todos.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sobre certezas e presságios.


A certeza é: nada que fiz, faço ou virei a fazer é garantido.

A certeza é de que as certezas não existem.

Posso dizer que tenho certeza de que estou só. Mas quem me garante?

Dizem por aí que existem outras esferas, outros seres.

Com meus olhos comuns nada vejo.

No meu coração carrego algumas presenças, recentes ou não.

Desconfio estar perdendo tempo como areia escorregando pela ampulheta,

mas não passa de desconfiança...pois em alguns momentos sinto que esse tempo

parou para olhar alguma rapariga distraída no passeio público.

Desconfio também de que os amores estão de férias, ou "encostados" pelo INSS, aposentados por invalidez.

Meu coração tem andado triste, muito triste. Procuro um remédio para ele no armário do banheiro ou em alguma gaveta escondida.

Encontro algum psicotrópico mas olho para ele com profunda resistência.

Não é hora de anestesia.

É hora do corte sem aviso, é hora da navalha, do bisturi, da faca que corta meus tomates.

Preciso da dor para aliviar meu _nada_.

Você, meu antídoto...está a viajar com suas bagagens dando alento e colo para outra.

Morro de ciúme, corto-me de inveja e dou passagem a sentimentos nada nobres.

Você canta aqui, mas não é sua voz...é um círculo metálico(?) que roda-roda-roda e traz cada vez mais nítida minha incompetência em tê-lo comigo.

Retifico sobre as certezas.

Tenho certeza de que preciso mudar o rumo da minha história pois essa pode acabar muito, muito mal.

sábado, 20 de setembro de 2008

Mike, a Amazônia, O circo, o batom e Eu.

Até que enfim encontro um espaço para retratar o que se afoga no lago do peito.Levanto bem cedo e me pego a pensar em coisas importantes como a segunda vinda de Cristo, a devastação da Amazônia, a educação da minha filha...a prestação do carro que vai vencer.Olho em volta e vejo uma casa vazia, o cinzeiro sujo e alguns copos na pia.Noite fria foi ontem! penso comigo pois não há ninguém aqui para falar sobre o tempo.Escovando os dentes me preocupo em deixar a torneira fechada (a água do planeta vai acabar um dia) e vindo para a cozinha ouço latir o cãozinho que fica preso no corredor._ Pobre cachorro! eu sei, Mike, como é dura a solidão.Num lampejo de identificação abro a porta e vou renovar-lhe a água e a comida.É...penso eu, será que minha vida tem ido muito além disso? ás vezes me sinto como ele (guardadas as devidas proporções). Fico presa em meu destino do "ganha-paga" , essa roda viva sem vida, essa mesmice piegas. Nãooooo! Eu não quero isso para mim.Ontem fui ao circo e acho que esse texto deve ser efeito colateral. Sempre que vejo alguma manifestação artística minhas veias começam a se apertar.Aqueles corpos coloridos que se contorcem, voam e expõem toda loucura que habita no inconsciente. Fico tentando imaginar o dia-a-dia, a rotina desses artistas. (na verdade é um circo bem vagabundinho, talvez eles nem se considerem artistas) mas todo aquele público está ali para vê-los.O café está pronto, minha estrelinha dorme plácida na cama quente e nem imagina o tamanho que tem o mundo. Será que um dia ela será assim profusa como eu? No íntimo fico a desejar que sim, mas que REALIZE. Sei que são as expectativas da minha própria vida, porém sonho que a herdeira dos meus genes possa ir á Europa, descubra segredos e viva grandes paixões. Desejo que ela não precise passar por tantas dores quanto passei.Sabe, é o desconexo que me incomoda e encanta. Afinal para quem escrevo e o que espero quando publico aqui? Eu não escrevo só para mim, senão fazia no caderno e guardava (ou rasgava, como tantos já rasguei). Acho que faço isso numa esperança desvairada de posteridade, tentando guardar nalgum lugar distante de mim aquilo que fui e que flui tão sincero.Ninguém quer viver para ser esquecido, principalmente em vida, até porque após o túmulo é previsível que isso ocorra.Daqui a pouco saio para trabalhar e as questões que me incomodavam há meia hora serão apagadas da memória imediata. E os problemas continuarão dando crias pela casa.O cachorro precisará voltar para seu corredorzinho, (sorry Mike) eu vou passar um batom e pensar que tudo passa.Mas não é verdade.

domingo, 7 de setembro de 2008

Sonho/ Vertigem/ Viagem



Eu quero morar no teu corpo, revirar o teu mundo,
ser teu assunto.
Quando fores de fato meu, de fato serei tua: nua e crua.
Indo e voltando da minha viagem, rindo tanto que rolarei minhas lágrimas
para bem longe de mim.
Na rua andarei de mãos dadas contigo, querendo ser árvore onde se colha amoras e amores, carambolas, mangas e figos.
Minha alegria será tanta quando eu for tua que tenho medo.
Medo dos fantasmas, das dores que passei sem receber flores.
Bem sei o que é ser triste, mas a felicidade me sorri logo ali atrás do meu sonho e não há de ser nada,
posto que o tudo também não me cabe.
No mais fico aqui te esperando e se afinal não vieres
ainda tenho sua voz quente na memória...
E se a tristeza insistir tomo um Prozac
Leio um almanaque ou até mesmo Balzac tomando um belo
conhaque.
Em tempo : amo o teu cavanhaque.

Na escuridão do meu desejo.



Durante o sono eu permito que venha todo aquele que reprimo,todos meus amores e carícias, as mais escondidas.Nessa noite vieste me visitar, e visitou com seus cabelos soltos, suas calças jeans surradas, as cores nos olhos...todas faiscantes.Eu entregue, pedindo pelas suas mãos longas e plenas de gestos contidos.Ah, esses dedos ágeis, viciados em acordes , trastes e contrastes, si e bemóis.Sua voz grave sussurrando em meu ouvido promessas que sonhei, tratos e contratos existenciais. Nós finalmente seremos um do outro sem gaiolas nem regras.Seu corpo experiente me tocando suave, provocando as reações naturais, nossas bocas cruzando a fronteira que por tanto tempo ficou intacta.Finalmente minha língua conhecerá o céu da sua boca , e a garganta cala um som de alívio conquistado.Meu corpo é o destino dessa coisa toda que se agita no centro do teu ser, eu te quero receber... vem! e que seja dada a nós a permissão de conhecer nossos paraísos particulares.Hoje, ao menos em sonhos serás meu e nada virá censurar o que nos consome, verei revelado teu peito alvo que escondido na camisa das segundas-feiras fez palpitar o meu, que também oculto te conta segredos.Nessa noite me calo para ouvir tudo aquilo que te pertence: sou toda ouvidos, boca, seios e entremeios.Acordo e decido: Não descanso enquanto não sonhar que foi sonho viver sem você.Vais protestar, interpretar, forçar meu cérebro a codificar a negar e reverter. Não vai adiantar.Agora você é só meu. E do Sigmund.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A VIDA NA SELVA DA CIDADE.


Cidade é todo esse concreto que nos cerca, é toda essa parafernália de automóveis, buzinas, propagandas luminosas.
Cidade é esse pacote de problemas e também a profusão de brilhos e entretenimentos sedutores que oferece. É confusa a vida na cidade, é estonteante tudo que está nos rodeando.
Nas grandes cidades é onde se ganha o pão, descansa-se o corpo e distraem-se os sentidos.
Mas a reflexão a ser feita aqui é sobre a qualidade de cada um desses itens relacionados.
Quanto e pelo quê trabalhamos?
E ao descanso, é dado tempo suficiente?
E dessa distração...O que dizer?!
Vida é tudo aquilo que transpira vibração, respira, nutre e é nutrido. Muitas vezes são incompatíveis essas ações quando a vida se desenrola nas cidades, tal como as entendemos e vemos atualmente.
Muitos de nós trabalhamos apenas para ter no final do mês a sua recompensa (nem sempre justa) não encontrando naquele ofício prazer algum.
Estando o homem descontente com seu trabalho, contribui ativamente para que aquele ambiente fique e permaneça inóspito.
Em nada lembra o que um dia ouvimos de nossos pais ou avós, sobre a família que lavrava a terra em conjunto, sendo que os filhos maiores cuidavam dos menores, o casal em harmonia zelando por sua “pequena ilha”. O relógio era o próprio sol, que criado por Deus é o mais perfeito de todos.
O objetivo era ver no tempo da colheita, toda a beleza da obra concluída dando frutos e grãos.
Pouco antes dos últimos raios sumirem ao horizonte, era chegada a hora de ir para a casa.
Ainda depois do árduo trabalho, tendo o banho tomado, cultivavam hábito de fazer visita ao vizinho, levar um cozido, uma notícia, compartilhar a mesa ou o ombro amigo se alguém adoecia. Enquanto isso os pequenos corriam livres pelo terreiro, sob o olhar atento da mãe.
Como resgatar um pouco desse antigo tempero tão apetitoso? Abrindo o coração certamente haverá uma resposta.
E o descanso nas modernas cidades? É assim: Chega em casa, toma o analgésico (morrendo de dor de cabeça) e vai para o quarto queixando:
_ Não falem comigo hoje, crianças! Sem barulho, vão para o vídeo game, me deixem em paz. Estou farto (a) de problemas, se o telefone tocar, não estou para ninguém.
Sem papo, sem refeição conjunta (já passou no delivery e jogou a caixa sobre a mesa). Que cenário tão desolador... Assim se passam os dias e os anos, sem que pais vejam o progresso dos filhos na escola, e em conseqüência também não observem sua decadência na juventude.
O que temos feito para nossa distração? Exatamente isso. Distraímos-nos constantemente e de todas as formas possíveis.
A verdadeira edificação tem perdido o sentido vertiginosamente. As conversas giram em torno de uma espécie de “campeonato do sofrimento”, onde cada um quer contar uma desgraça diferente e mais feia. A medalha é um comprimido de diazepam.
Nossos filhos têm sofrido de depressão infantil e sabem por quê? Porque não brincam mais, e são tratados como adultos assim que aprendem a falar.
Deus meu! Já falei demais por hoje...sei que não apresentei nenhuma solução, talvez porque eu também não as tenha, e sofro junto convosco dos mesmos males que aqui descrevo.
Mas fica aqui um sincero abraço de solidariedade e desejo de que possamos voltar os olhos ao futuro, pois ninguém pode voltar ao passado e mudar o hoje, mas certamente podemos olhar para o agora e mudar o amanhã.

(Texto publicado no Jornal "A Palavra" da Igreja Presbiteriana do Brasil)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Valendo a pena...

Talvez o amor seja solução, talvez não.
Quem sabe seja só consideração.
Mas também pode ser paixão.
De repente ele se desfaz, feito bolha de sabão.
Algumas vezes é rígido como o Alcorão.
O amor não tem definição,
Seja simples ou sofisticado, pura contradição!
O que importa é o bater do coração...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Nada serviu


Como é difícil querer o que não se pode ter

É ver, mirar ao longe aquela estrela insistente

Montar um cavalo selvagem, quem sabe morrer

É viver no futuro sem sorver o presente.


Me cega...não quero ser vouyer

Da solidão que meu instinto pressente


Um ver que contém a urgência,

mas admite a impotência

A inveja cinza, sem sapiência

gosto ou ciência.


Pena de mim e de você,

que nunca chegaremos

a nós.

Por mais que tua presença

a mim se achegue, jamais o

toque, a graça, o riso

e o abandono nesse abraço

que é estrela, lua e universo.

Já vai tempo que te vi primeiro

Já vai tempo que te quis antes

antes da fundação do mundo.

E nada serviu, nada serviu...

nada serviu.