quarta-feira, 24 de março de 2010

Tempo de Cheia




Nunca mais tuas marés
Mansas, salgadas/doces
Verão a primavera quente
Que sem reserva entreguei.

Nem mais o cheiro desprendido
Inexplicavelmente do corpo:
Plácido embora ávido, sentirei
Tudo trama sem qualquer sentido

Anseios, animais virgens insanos
Alçaram vôo de estréia, vertigem
Roupas, trapos ou finos panos
Leva tudo pra viagem!

Corpo "só" vê abrigo em qualquer estalagem

Hora de voltar pra casa
Fazer curativo e repouso
Consertar minha asa
Quebrada em forçado pouso.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Estado Interessante




Dia quente, nada de chuva. Nessas tardes de preguiça vem sempre uma idéia de ir embora para uma outra terra menos árida.
Daí é só dar linha que o pensamento toma corpo e sai viajando por aí. São tantas as possibilidades que essa idéia logo acaba se perdendo e dando lugar a alguma outra divagação qualquer. Uma pessoa, uma música, um encontro ou desencontro que ficou no passado.
Cansado disso, o corpo pede um copo d'água e agora satisfeito volta a elucubrar (palavra feia, né?).
A cama está macia...os olhos vão baixando a guarda lentamente. As paredes do quarto parecem derreter junto com os quadros e tudo mais.
Entro em estado de torpor. Nesse estado "interessante" é quando as fantasias começam a ficar mais ousadas. Já não desejo ir pra Índia, mas estou lá! Depois de perceber que o calor também é insuportável, decido pelo Alaska: Choque térmico.
Acordo do devaneio e descubro por baixo da neve recém sacudida uma tatuagem do Buda.

domingo, 14 de março de 2010

Historieta

Soletrar teu nome
contando estrelas
Despir os temores
Matar a fome.

Profunda e íntima
Revirar suas gavetas
Trem desgovernado
Sem dar a mínima

Conhecer teu travesseiro
Sentir-lhe o cheiro
Misturar suas roupas
Com as minhas poucas

Sem pressa,
Sentir somente
Esquecer promessas
De estrela cadente.