terça-feira, 28 de outubro de 2008

_inter_valo






Não sei onde estive, ainda me perguntam!


Não vi quanto tempo passou, mas foram-se os dias
Meus olhos estão cansados, a vista sem vista e um tanto cega.


Cega de ver tanta claridade, inverdades correndo soltas.


Meus parênteses sem efeito, colchetes que não abotoam meu texto roto.


Tento aqueles que sumiram, faço contato. Não, ninguém esteve onde fui.


Meus amigos não sabem dizer se sou ainda importante, eu perdi os compromissos,


apontamentos sem valia agora.


Porém, volto renascida de algum lugar que já me expulsou. Parto sem dor,


analgesia plena e irritada.


quinta-feira, 2 de outubro de 2008




CHUVAS



Eu sinto as gotas que ainda são nuvens.

Algodão molhado nos meus olhos, água.

A saliva some da boca, ferrugem.

No coração um susto de pesadelo.

Ainda sou menina, sou pequena querendo caber no colo de meu pai.

Dia amanhecendo nublado, a rua varrida de folhas encharcadas.

Todos os trovões calaram-se, só não cala essa voz teimosa em mim chamando para a vida.

Resolvo obedecer, ainda é cedo para desistir.

Tenho talentos a acordar, lenha pra queimar, risos a explodir entre amigos...

Abrirei meu guarda-chuva e sairei para a rua, olhando com atenção redobrada: "Cuidado meu bem, há perigo na esquina".

Obrigada, Elis ( e Belchior, agora que a Gauche me ensinou). ;)