sábado, 20 de setembro de 2008

Mike, a Amazônia, O circo, o batom e Eu.

Até que enfim encontro um espaço para retratar o que se afoga no lago do peito.Levanto bem cedo e me pego a pensar em coisas importantes como a segunda vinda de Cristo, a devastação da Amazônia, a educação da minha filha...a prestação do carro que vai vencer.Olho em volta e vejo uma casa vazia, o cinzeiro sujo e alguns copos na pia.Noite fria foi ontem! penso comigo pois não há ninguém aqui para falar sobre o tempo.Escovando os dentes me preocupo em deixar a torneira fechada (a água do planeta vai acabar um dia) e vindo para a cozinha ouço latir o cãozinho que fica preso no corredor._ Pobre cachorro! eu sei, Mike, como é dura a solidão.Num lampejo de identificação abro a porta e vou renovar-lhe a água e a comida.É...penso eu, será que minha vida tem ido muito além disso? ás vezes me sinto como ele (guardadas as devidas proporções). Fico presa em meu destino do "ganha-paga" , essa roda viva sem vida, essa mesmice piegas. Nãooooo! Eu não quero isso para mim.Ontem fui ao circo e acho que esse texto deve ser efeito colateral. Sempre que vejo alguma manifestação artística minhas veias começam a se apertar.Aqueles corpos coloridos que se contorcem, voam e expõem toda loucura que habita no inconsciente. Fico tentando imaginar o dia-a-dia, a rotina desses artistas. (na verdade é um circo bem vagabundinho, talvez eles nem se considerem artistas) mas todo aquele público está ali para vê-los.O café está pronto, minha estrelinha dorme plácida na cama quente e nem imagina o tamanho que tem o mundo. Será que um dia ela será assim profusa como eu? No íntimo fico a desejar que sim, mas que REALIZE. Sei que são as expectativas da minha própria vida, porém sonho que a herdeira dos meus genes possa ir á Europa, descubra segredos e viva grandes paixões. Desejo que ela não precise passar por tantas dores quanto passei.Sabe, é o desconexo que me incomoda e encanta. Afinal para quem escrevo e o que espero quando publico aqui? Eu não escrevo só para mim, senão fazia no caderno e guardava (ou rasgava, como tantos já rasguei). Acho que faço isso numa esperança desvairada de posteridade, tentando guardar nalgum lugar distante de mim aquilo que fui e que flui tão sincero.Ninguém quer viver para ser esquecido, principalmente em vida, até porque após o túmulo é previsível que isso ocorra.Daqui a pouco saio para trabalhar e as questões que me incomodavam há meia hora serão apagadas da memória imediata. E os problemas continuarão dando crias pela casa.O cachorro precisará voltar para seu corredorzinho, (sorry Mike) eu vou passar um batom e pensar que tudo passa.Mas não é verdade.

3 comentários:

LuciAne disse...

Fico aqui pensando que essa coisa intuitiva e visceral sobre o "pensar" é de fato uma ponte...
Não atravessei desertos inteiros(nem você!)pra morrer numa praia.Vamos longe, vamos sempre!
Amo você minha mana "pensante"
beijossssss de um Domingo chuvoso e visceral,rsss

jh.sil disse...

"minha estrelinha dorme plácida na cama quente e nem imagina o tamanho que tem o mundo. Será que um dia ela será assim profusa como eu?"

Apesar de ser satisfeita [?] pela consciência, às vezes, excessiva até, que tenho, já surpreendi-me perguntando-me se eu não seria mais feliz sem tê-la. Mas seria por demais mesquinho desejar isso a própria filha, não?

Carla disse...

Gauche, depois que temos filhos as coisas mudam de uma forma bem interessante bem lá no fundo de nós.
Mesquinho ou não, eu (é claro)! gostaria de protegê-la de todas as dores, mas também tenho excessiva consciência de que isso seria além de impossível, bastante prejudicial.
Obrigada pela visita, volte sempre
Gosto muito das suas colaborações.